quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Klose x Maradona

A intenção da pergunta não é exatamente ser capciosa, mas, já sendo, em quem você se inspiraria se tivesse oportunidade? Klose ou Maradona?

Explicação 1: dias atrás, o atacante polonês, naturalizado alemão, Miroslav Klose, que disputa o campeonato italiano de futebol pela Lazio, de Roma, fez um gol de mão e, em um ato de própria vontade, se entregou para o juiz e fez com que o gol fosse anulado. A ação gerou comentários positivos em todo o mundo, incluindo do presidente da Fifa.

Explicação 2: anos atrás, o meia argentino (quisera os brasileiros que ele tivesse se naturalizado tupiniquim) Diego Armando recebeu a alcunha de “Manos de Dios”, em referência ao gol de mão que ele anotou em jogo contra a Inglaterra pela Copa do Mundo de 1986, ocasião em que os hermanos acabaram beliscando o segundo título de sua história. O fato foi mais um dos vários marcos na carreira de Mara... dona...

E aí? Ser elogiado mundo afora por um ato de honestidade e se tornar exemplo até para crianças, como Miroslav chegou a ser referenciado e reverenciado, ou se tornar o símbolo de um time campeão e ter suas “manos” confundidas com as do Criador? Cheirar, fumar ou sorrir de soslaio? Eis a questão... como seríamos vistos pela história?

Não dá para não dizer que diariamente temos várias oportunidades que nos colocam entre Klose e Maradona, mas, sem “pieguisses”, lição de moral ou política correta, o que fazemos? Será que o grande detalhe é como fazemos? Ou para quem contamos? Ou ter a tal cabeça tranquila? Ou nada disso e vamos bater palma para o plebeu Obama quando der e para o nobre Osama no aniversário de sua morte. Ser polonês, alemão, argentino ou brasileiro?

Difícil comparar a grandiosidade futebolística de Klose com a de Maradona. Difícil comparar a grandiosidade não-futebolística de Maradona com a de Klose. O problema é que as crianças conhecem mais Diego a Miroslav. E que os pais querem que os filhos sigam a hombridade do europeu e o brilho talentoso do americano.

A quem contrario, me desculpe, mas eu voto em Klose...

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O presente do passado


Ok, concordo com meus professores de literatura e com minha psicóloga: não pretendo ficar preso ao passado, nem ansioso pelo futuro e acredito que as coisas acontecem realmente no presente. Mas, atire a primeira pedra quem não gosta de relembrar as peripécias pretéritas, com um gostinho que cada um sabe a delícia que é. E, convenhamos, ninguém vai ser colocado em camisa de força por isso, nem vai perder o fio da meada por recuperar um pouco do que já foi e por que caminhos andou.

Quando a gente pensa em presente e passado (o futuro ao futuro pertence), quase nunca consegue definir onde acaba um e começa o outro. Onde está a linha divisória? Até quanto para trás ainda é presente? Talvez no momento em que sua vida está como agora. Talvez não. Eu procuro na memória quando combinamos de não nos encontrar mais. Que dia nós, que nos víamos em quase todos, acordamos que não iríamos nos ver mais? Não me lembro.

Deve ter sido no dia em que você se mudou para o interior, ou ainda quando se mudou para o exterior. Ou no dia em que não se mudou, mas que mudou... de amigos, sem a gente nem perceber, ou talvez no dia em que fez besteira – nós não éramos mais crianças e no mundo adulto as besteiras têm consequências mais graves. Lembra-se do futebol na rua? Que dia combinamos de não jogar mais? A gente se via, conversava, brincava, se divertia por três, quatro vezes por semana, nós e mais todos, hoje não vejo ninguém.  

E as meninas? Não querem mais jogar nada ou saírem para tomar um sorvete ou comer um sanduíche? Parece que não, uma tornou-se professora, a outra médica, as outras não sei. E daí? Casaram, namoraram, arrumaram outros amigos que não se entrosam com os velhos, na maioria das vezes por opção do próprio em comum... mas que dia combinamos de não nos encontrar mais?

Exagero, às vezes nos encontramos ainda. Raramente, as conversas são longas. Na maioria das vezes, um “oi” basta. Às vezes nem sabemos por onde anda e qual o rumo que a vida tomou. Antes sabíamos de cada passo um do outro. Está tudo certo, a vida é assim mesmo, a gente caminha para lados diferentes. Mas por quê? Quando combinamos isso? Um abraço forte...  

sábado, 14 de abril de 2012

Na reunião das coisas estapafúrdias

Na reunião das coisas estapafúrdias, o primeiro a levantar a mão foi o Zé: 
 
- Estou muito intrigado com uma coisa. Eu me chamo Zé (ele se chama Zé mesmo, não é José) e por isso vou pegar pra mim tudo que é meu de direito e que, por algum motivo, eu não usufruo. Vou pegar o Bar do Zé, a Padaria do Zé, a Boutique do Zé, tudo.


Um companheiro levantou a mão:
- E o Armazém do Zezé?
- Ou é meu duas vezes ou não é meu, porque eu sou um Zé só.

A segunda a levantar a mão foi a Gretchen:

- Eu vou pintar meu cabelo de três cores, porque quero ter a popularidade das louras, a inteligência das morenas e o charme inigualável das ruivas. E nunca mais vou fazer filme pornô, nem com meu namorado. Este é maior arrependimento da minha vida. Da única vez que fiz já torrei meu um milhão e meio de reais, não tenho mais nada e até hoje não me recuperei.

O mesmo companheiro levantou a mão:

- Mas o que você vai fazer então?
- Vou cantar e dançar e alegrar os baixinhos.
- Mas os baixinhos já têm dono.
- Vou pegá-los pra mim. A dona dos baixinhos cresceu e agora sou eu.


O terceiro a levantar a mão foi o Torres:

- Nunca mais tomo banho de cachoeira. Estão dizendo que cachoeira queima até pasto molhado. Eu, que era uma pessoa admirada pela idoneidade, limpo de tudo, precisei me “arear” na cachoeira e me queimei todo, então nunca mais faço isso. Agora vou descansar meus pés no ofurô, porque eu posso, mas cachoeira nunca mais.

Nessa mesma hora a reunião foi invadida por um coletivo de tucanos. Parecia que eles tiveram uma briga grande com uma turma de abutres, porque estavam bastante sujos e fedendo a carniça.

- Sai tucanada, gritou um mais alvoroçado, atirando estrelas afiadas nos pássaros, que se defendiam com os bicos.

Um outro gritou:

- Eu aposto no 13.

O outro:

- Eu no 45.

Um cidadão, todo molhado, que parece que havia acabado de se queimar numa cachoeira, sentenciou:

- Não existe 45 no jogo do bicho, seu imbecil.

Daquela confusão toda, muitos saíram abalados, outros sujos, outros estropiados, mais uns enjambrados, vários falando pelos cotovelos, e apenas três abandonaram o recinto parece que intocados.  


O primeiro, o Roma, conseguiu, por causa de sua estatura e a habilidade de respirar em baixo d’água doce, de cachoeira, sair ileso. A primeira coisa que falou foi:

- Meus companheiros peixes e baixinhos podem ficar tranquilos, porque a única copa que apoio é o cômodo lá de casa. Ele está precisando de uma reforma danada. Tenho que mudá-lo todo, porque tem uma tal de receita que cismou em me tomar essa copa. E vejam, pode beber lá à vontade quem for visitar, tá? Está todo mundo convidado, não só meus amigos, mas todo mundo. A copa é nossa!


A segunda, Viviane, saiu falando:

- Pessoal, eu decidi que vou tatuar o nome de todas as pessoas em meu corpo, não importa se foram queimados na cachoeira, se são tucanos ou atacam com estrelas ou ainda se jogam no bicho. Quero mesmo é tatuar. Eu malho todos os dias, como de tudo, namoro pagodeiro e jogador de futebol do interior de Minas, mas o que eu gosto mesmo de fazer é tatuar. Então podem fazer uma fila, porque vou escrever o nome de todo mundo. Depois, vou fazer uma festa e lançar uma linha de corselets que fui achando em brechós, num desfile limpo, dedicado a Iemanjá, à beira da praia, com todos molhando o pé na água salgada, nada de cachoeira mais.

- Ô mizifi, gritou o terceiro, já cambaleando, com uma garrafa de mé na mão. O nome dele é Antônio Carlos, não estava nada maltrapilho, mas andava sem pisar o chão.

- É o seguinte: Vocês não valem nada, mas eu vou dar uma mussumzada em vosmicês. Eu gosto mesmo é de samba e de fazer “usotro” ri, então libera o pessoal de tomar banho de cachoeira, porque “os bicho tá” tudo solto no carnaval do Rio. Só uma coisa, a minha ideia de cabeceira é suspender as fantasias de momo e todo mundo desfilar pelado na avenida, seria muito “mió”. Já que a Dercy Gonçalves não está mais entre vocês, assim como eu, sugiro que a Hebe seja rainha do próximo carnaval e mostre as “peitcholas” pro Brasil todo, ao lado da Ana Maria Braga. Vou chamar o Chacrinha para assistir, mas desde já ele tá avisando aqui que se a Gretchen fizer outro filme pornô, ele não vai comprar mais não.  

Uma seriedade engraçada tomou conta da reunião das coisas estapafúrdias. Todos ficaram sérios e calados, os três que não se abateram e todos os outros, que já estavam se recuperando do baque. Eles ficaram assim por algumas horas, até todos se recuperarem, o que não demorou muito para acontecer. Ao final, já existia tucano carregando estrela com o bico, estrela tomando novos banhos de cachoeira e a paz voltou a reinar na reunião das coisas estapafúrdias.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O que vem depois do amor?

O sorriso foi arrancado do meu rosto. Só me vejo, se é que não fiquei cego, pelos cantos, quase calado, só conversando por dentro, comigo mesmo. Como fui tão feliz e agora não sou mais. Como amei, fui amado e como agora o coração rasga de saudade, de remorso, de dor.

Nada tem sentido, para nada tenho motivação, não adianta procurar nos íntimos e nos ínfimos, a resposta está clara e a poucas razões de minha razão: é a falta que você me faz. Você me faz mais falta do que eu a mim mesmo.

O coração é a parte que mais dói. É uma dor incrível, que nenhum analgésico, químico ou natural, consegue ao menos suavizar. Quanto mais amor você vê, mais amor você quer dar, e fica sufocado.

Nada adianta. Tentar dormir é convidar os pensamentos a se transformarem em sonhos, e nos sonhos você está. Tentar trabalhar é convidar os pensamentos a se transformarem em realidade, e na realidade, você também está.

Escrever é fazer arte, e nas artes, você está. Ficar à toa, não dá, porque nessas horas é que eu sempre gostei de me lembrar de você. Mas as lembranças agora doem, doem muito. Separar sem deixar de amar deve ser dos piores sentimentos.

Tudo é verdade. Existem rancores mal tratados, discussões mal discutidas, desentendimentos aleatórios, desconfianças baratas, que, quando alimentadas ficam caras, caras feias e desânimo. Mas, acima disso tudo, existe o amor.

E ele é o que mais faz doer. Exatamente o amor, que deveria ser o consolo, nos faz sofrer. Mas, contudo, ele existe e nos faz sentir o coração quase saindo pelos orifícios. Coisas de cinema têm que ter representações de cinema, finais de cinema e voltas de cinema, ou não.

Ah! Se o tempo voltasse, Ah! Se pudéssemos corrigir todos os nossos erros. Como seria bom. Mas aí não haveria erros, e assim não haveria o que corrigir. Mas o amor? Este existe e sempre vai existir, incorrigível, precisa ser vivido!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Cony, Elizabeth, Maniqueu e a Semana de Arte Moderna

Assim como vários intelectuais da época e quase nenhum dos dias atuais, Carlos Heitor Cony ousou criticar a Semana de Arte Moderna de 1922, exatamente nesta semana de 2012, 90 anos depois. A diferença de Cony para os intelectuais de 90 anos atrás está exatamente nas nove décadas. Antes, o dito modernismo era “moderno” demais e podia ser criticado, como foi, duramente, por Monteiro Lobato, o maior nome da literatura brasileira até então. Hoje, as críticas de Cony soaram mal. Os argumentos dele, nascido apenas quatro anos depois da Semana, são balizados e baseados em narrativas reais, mas soaram mal. Por que?

O detalhe é que estes 90 anos elevaram a Semana de Arte Moderna a se tornar uma verdade absoluta. O mundo é cheio delas. Quem ousa confrontar uma verdade absoluta, ainda mais uma que influenciou Caetano Veloso, o intocável da MPB? Quem ousa falar que Adolf Hitler era cheio de virtudes na mesma que proporção que Gandhi era de defeitos? Quem ousa trazer à tona o lado humano destes mitos, seja da maldade ou da bondade? São mártires. São verdades absolutas. Quem ousa comentar que a Rainha Elizabeth não é feita de ferro? Tem gente que prefere dizer que ela não é dama. Ela nasceu no mesmo ano de Cony. Estão quase fazendo 90 anos de idade. E não estou nem falando de Margaret Thatcher.  

São assim as verdades absolutas, taxativas. Ou alguém acha que a Seleção Brasileira não mereceu ganhar a Copa de 70 ou que a de 94 mereceu ganhar? Você se arrisca em defender sua opinião? É a lei do 8 ou 80, sem variações, sem percalços. É a lei de Maniqueu. O que é bom é bom, o que é mau é mau, sem variáveis. É a lei do estereótipo. Ninguém aqui tem dúvida de nada. Nós sabemos tudo. A Semana de Arte Moderna é intocável. Afinal de contas, foi nosso diálogo mais próximo com a arte feita na Europa até então. E se veio da Europa é bom. É assim? Quem duvida? Cony. E talvez a Rainha Elizabeth.

Quem aí que não gostava de ouvir Whitney Houston cantar, de assistir a Michael Jackson dançar ou a Ayrton Senna correr que se manifeste. Eles construíram a carreira em cima de dúvidas e depois que viraram verdades absolutas pararam de produzir, já perceberam? Mas, por favor, isto não é nem verdade direito, quanto mais absoluta. Entre todas essas mentiras, o nosso único alento é que Carlos Heitor não chegou aos 90 anos e por isso deve falar muito ainda. Ainda bem!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Depois da meia-noite

Assisti a “Meia-Noite em Paris” ao lado do meu guarda-chuva. Woody Allen acha que gostamos mais do passado que do presente pelo simples fato de não aceitarmos as inconstâncias da vida. Já Gertrude Stein crê que o papel do artista é sugerir espaços para os vácuos e não apenas aceitá-los.

Indaguei meu guarda-chuva sobre gostar mais do passado. Não do passado distante, como Allen indagou, mas do passado vivido. – Eu queria ter sido jogador de futebol. – Mas hoje você é um homem das letras, ou pelo menos tenta ser, fala inglês e assiste a filmes do Godhard. – Mas eu queria. 

O detalhe é que o jogador de futebol ficou no passado. Então, é isso que eu queria ser. Meu guarda-chuva me falou o seguinte: - O passado leva muita vantagem sobre o presente, porque ele é estático e imutável. O passado não gera angústias, no máximo culpas superadas. O passado é seguro, não é instável como o presente. No passado você não pode mais se magoar. Acreditar no “se” é negar o “é”. Ser jogador de futebol, por exemplo, traz muitas angústias também. Pergunte para quem é. Mas para quem esse desejo ficou apenas no sonho, a falsa ideia de que poderia ter vivido uma vida melhor se sobrepõe à realidade, justamente porque não é a realidade.

Fiquei olhando bastante tempo para meu guarda-chuva. Ele continuou: - Esse tipo de raciocínio é a mesma coisa de você querer morar em outra cidade ou achar que a mulher de seu amigo é mais bonita ou a casa do vizinho é melhor. Óbvio que existem mesmo cidades melhores que outras, mulheres mais bonitas que outras e casas mais agradáveis, mas para tudo dependemos de interpretações. Quando você coloca na balança a realidade e uma idealização da realidade, claro que a realidade pura e simples vai perder, porque ela foi testada, a idealização não.

O guarda-chuva continuou sendo enfático e cortando meus ouvidos: - Quando você diz que a mulher do outro é mais interessante, você não viveu com ela, simplesmente a idealizou. Assim sendo, ela leva uma grande vantagem sobre sua própria mulher, que para você é real, com qualidades e defeitos, que você ainda se achou no direito de identificar. A cidade tal é melhor que a sua, porque você não viveu lá. Talvez só visitou como turista, assim como tempos remotos, que você só conheceu através de filmes e livros. A casa do vizinho é cheia de rachaduras, mas você só a enxerga por fora. Então, concluiu o guarda-chuva, saiba viver o presente, para no futuro você ter saudade do passado.

- Ótimo, falei com meu guarda-chuva, você decifrou tudo e resolveu minha vida. Ele respondeu que não consegue resolver nem a dele, quiçá de outrem, e finalizou dizendo que tem uma saudade apertada de uma sombrinha, que paquerou no colégio, e que estava cansado da vida que tem. Comecei a achar a conversa muito chata e ficar com saudades de conversas anteriores que já tive com meu boné, muito mais fluente que meu guarda-chuva. Andei, voltei e me lembrei que o último guarda-chuva que tive eu ainda era garoto e que ele era mudo.    

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A falta de Ali Babá e a eternidade

Seria pelo fato de sermos perecíveis o motivo de tanta ganância? Será que se fôssemos imortais ou se o calendário não tivesse sido inventado, permitiríamos o tempo passar com mais naturalidade? Será que o fato de conheceremos a morte e sabermos que temos poucos anos de vida nos torna ansiosos para ter uma existência marcante? E dependendo da maneira que interpretamos isso, fazemos coisas tão absurdas? E por tanta gente fazer coisas tão absurdas essas coisas deixam de ser tão absurdas? Será que o absurdo é achar alguma coisa absurda?  

Será que temos mesmo que ser nós contra o resto? Que temos que nos fechar em família e amigos e lutar contra as outras fatias do mundo e ainda correr o risco de dissabores mesmo em seu antro, seu reduto? Será que não existe pessoas que descobriram outra maneira de viver? Existe.

Será que temos que comprar tantos lanches de nossa madrasta para sermos felizes? Já dizia o conto de Ali Babá que o ouro pode, e deve, ser dividido. Os 40 ladrões ficaram tão apavorados em dividirem com mais um que acabaram todos morrendo. Não era melhor se solidarizarem com a parte em excesso e abrirem mão do segredo?

40 ladrões e o Ali Babá. 41 vereadores em Beagá. Faltou o Ali Babá, com seu amigo Robin Hood, para nos contar o segredo daquele cofre cheio, das festas e dos lanches. Faltou o Ali Babá para libertar as escravas, para desafiar o perigo, para entregar o capataz. E faltou a Morgiana para ludibriar o chefe, para achar os desenganados e desmascarar os mascarados. Faltou Noé para salvar as raças. Faltou Dom Quixote para segurar o florete e invadir a cúpula.

Será que o medo de perder um tempinho da nossa vida tão curta anestesiou as pessoas, que se tornaram tão permissivas? Será que o receio de acreditar que nada adianta amoleceu os corações tão sofridos, que ficamos, assim, passivos? Será o nariz de palhaço e as redes sociais tão eficazes? Será que é a mídia? A mídia não é só o retrato da sociedade?

Como tanta gente fala mal de um programa que é tão visto assim? Como tanta gente critica os lanches da madrasta e continua depositando suas esperanças nas mesmas pessoas ou pelo menos nas mesmas promessas? Por que os enteados continuam agindo tão desrespeitosamente? Será que eles não enxergam o tempo que estão perdendo? Será que isso é a eternidade?